A disfunção patelofemoral, DFP, também conhecida como “joelho de corredor” ou “síndrome da dos anterior no joelho”, é a causa mais comum de dores nos joelhos entre adolescentes e adultos jovens, acometendo mais mulheres do que homens.
Esse problema se caracteriza pela presença de dor ao redor ou atrás da patela. Os sintomas pioram com movimentos que utilizam a articulação, como atividades de sustentação de peso, agachar, subir e descer escadas, ajoelhar, saltar, etc.
Isso porque a articulação atingida, a patelofemoral, conecta a patela ao fêmur e funciona como uma polia – uma alavanca – para aumentar a transmissão de força do quadríceps em movimentos como o agachamento, o salto e a corrida.
Um dos diagnósticos mais comuns dentro das DFPs é a condromalácea patelar, quando a cartilagem articular apresenta alterações estruturais, com amolecimento ou alterações degenerativas. É importante lembrar que boa parte da população apresenta sinais de condromalácea, porém sem a manifestação de dor, ou seja, o fato de apresentar esse diagnóstico não significa, necessariamente, que você terá dor.
Mas, o que causa a DFP?
Uma das hipóteses mais aceitas é de que a disfunção é fruto de uma biomecânica disfuncional da articulação patelofemoral, ou seja, fatores que posicionam a patela fora de seu eixo “normal” e geram sobrecargas em diferentes estruturas, contribuindo para a dor anterior do joelho.
Como dissemos acima, as mulheres costumam ser mais acometidas por essa disfunção do que os homens. Você sabe o porquê? A explicação mais aceita é de que as mulheres possuem uma anatomia da pelve mais alargada, o que altera o vetor de posicionamento da patela, favorecendo a sobrecarga da articulação e das estruturas ao seu redor.
Como prevenir a DFP?
Alguns fatores de risco são possíveis de se contornar, principalmente o que estiver relacionado à sobrecarga e função da articulação, como, por exemplo:
– Erros de treinamento ou o excesso de treino;
- Desequilíbrios musculares, principalmente nos quadríceps e glúteos;
- Perda de flexibilidade ou encurtamentos musculares, avaliar principalmente os posteriores de coxa, tratoilitiobial e quadríceps
– Evitar movimentos movimentos repetitivos muitas vezes ligados a atividade ocupacional como: agachar, ajoelhar, subir ou descer escadas;
– Ficar atento às alterações de movimentos, como o valgo dinâmico (joelhos posicionados para dentro) e hiperpronação dos pés (desabamento do arco plantar).
Será que eu sofro da disfunção patelofemoral?
O diagnóstico é sempre um desafio, já que existem diversas estruturas que podem gerar essa dor anterior no joelho. Nessa hora, a consulta com um especialista faz toda a diferença!
Na maior parte dos casos, o histórico do paciente e o exame físico são suficientes para se fechar um diagnóstico, considerando as queixas mais comuns: dor na região da patela, sem trauma, que piora com movimentos de flexão e extensão do joelho em atividades com descarga de peso, como agachar, subir ou descer escadas.
Os exames de imagens podem ser úteis quando o exame físico é inconclusivo ou na necessidade de descartar outra hipótese diagnóstica. Radiografias ou ressonância magnética são os exames mais solicitados para esses casos.
Como devo tratar?
O tratamento inicial deve ser focado no controle da dor. Pode-se fazer o uso de medicamentos, como analgésicos e anti-inflamatórios, e diminuir as atividades que solicitem da articulação patelofemoral. Não recomendamos repouso absoluto.
A fisioterapia entra como um pilar importante do tratamento. Por se tratar de uma disfunção mecânica, investigar os elementos que podem estar alterados, gerando sobrecarga na articulação patelofemoral, é essencial.
O segredo está em um trabalho individualizado e direcionado, mediante o que foi encontrado na avaliação física, variando desde intervenções que trabalhem elementos de força isolada até aspectos de controle motor , flexibilidade e mobilidade.
O uso de joelheiras ou palmilhas podem ser indicados em casos específicos como a hiperpronação dos pés ou quando o paciente relata alívio dos sintomas com o uso da joelheira, porém cada caso deve ser analisado individualmente.
Considerações finais
Os tratamentos das DFPs, em sua grande maioria, evoluem com bons resultados e poucas limitações. Por se tratar de uma condição mecânica, a prática regular de exercícios específicos é essencial para manter o paciente longe das dores e possibilitar o retorno ao esporte.
Procure sempre um médico e um fisioterapeuta que sejam especialistas no assunto. Quanto antes o tratamento for iniciado, melhores serão os resultados.